Sabendo que a criação de orquídeas é hoje, e cada vez mais, um hobbie aliciante e muito procurado, e possuindo alguma prática nesta actividade, decidi criar uma página que, ao mesmo tempo que mostra os meus melhores exemplares, me permite partilhar algumas dicas com os demais interessados. É este o intuito deste blog, que espero que seja do vosso agrado.


Como surge um hobby que se torna uma obsessão...


Por muito estranho que pareça, o meu entusiasmo pelas plantas surgiu muito tarde, já na idade adulta. Enquanto infante e adolescente, "ralhava" com a minha mãe questionando-a sobre qual a necessidade de tantos vasos e floreiras contra as quais eu esbarrava constantemente, fruto da minha descoordenação motora própria da idade. E o gosto pelas orquídeas e pelas plantas carnívoras ainda mais tardiamente surgiu.
Tudo começou quando comecei a frequentar a casa dos pais de uma ex-namorada e a reparar que as pessoas, embora declarassem categoricamente que gostavam imenso de plantas, possuiam um conjunto de vasos cheios de folhas secas ou de gravetos tortuosamente enlaçados uns nos outros ou nos varões dos cortinados, com folhas pequenas e muito amareladas, nitidamente em stress hídrico e de outros nutrientes. Como na altura possuía algum tempo livre (que saudades!) decidi-me, mais por pena dos pobres seres indefesos do que dos seus proprietários, a tratar daquelas plantinhas. Uma poda aqui, uma rega e adubo ali, uma mudança de local em função do tipo de habitats preferido (muito li eu sobre plantas naquela época!) e eis que, em poucos meses, a casa começou a parecer um jardim florido.
Como o espaço começava a ser pouco - a certa altura era grande a abundância de Begónias, Violetas Africanas, Fetos e Samambaias, Dracaenas, entre outras - , resolvi transformar (não sem algum esforço para demover os donos) uma pequena capoeira numa estufa. A estufa fez-se (inicialmente forrada a plástico e quase um ano mais tarde a ferro e vidro) e quando dei por mim, também esta se encontrava a abarrotar de plantas das mais diversas qualidades. Foi por esta altura que comecei a perder o entusiamo - a propagação por estacas de ramos, de folhas, de raízes, etc. já não me dizia nada; precisava de algo mais difícil e de resultados mais satisfatórios. Foi aproximadamente nesta altura que começaram a aparecer nos viveiros e floristas maior quantidade e maior variedade de espécies de orquídeas, que rapidamente chamaram a minha atenção. A estufa foi imediatamente despejada (os vizinhos, que cobiçavam as lindas plantinhas há anos ficaram satisfeitíssimos) e comecei imediatamente a enchê-la com as mais belas variedades de orquídeas.
É lógico que nos primeiros anos muitas plantas morreram ou se desenvolveram de forma menos própria, mas com o tempo comecei a descobrir alguns pequenos truques que me permitiram desenvolver um pequeno mas bem recheado orquidário. Um aquecimento ligado a um termostáto ambiente, uma melhor rega mas também uma drenagem mais eficaz, ventilação abundante no Verão são alguns dos procedimentos que devem ser tidos em conta se quisermos obter um conjunto de belas e produtivas plantas.
Mas, afinal de contas, o principal segredo não é apenas a sua localização e os cuidados que lhes dispensamos. É fundamentalmente o carinho e o cuidado/atenção que lhes dispensamos. Quando deixarmos de olhar para as plantas como meros objectos com que queremos decorar as nossas casas, mesmo que as condições não lhes sejam de todo favoráveis, aí sim teremos adquirido a chave para um cultivo de qualquer tipo de vegetais de forma saudável e lucrativa (e não estou a falar de dinheiro!).


A estufa, que não era nem de perto perfeita, mantinha todas as condições que os exemplares necessitavam - bastante luz, embora não directa, ventilação, humidade e calor. Repare-se por exemplo nos vidros, que tive que pintar de branco para evitar que o sol directo queimasse as folhas e flores.

As plantas do género Phalaenopsis, que normalmente em casa duram um ou dois anos e perdem folhas acabando por perecer, na estufa veêm a sua vida prolongada por anos, as mesmas hastes florais dão flores umas a seguir às outras e delas podem brotar pequenas novas plantas. Só por ai se vê o que estas plantas agradecem as condições mais ou menos controladas. Outro factor importante é o solo/substrato. Repare que as plantas estão fixas em musgo dentro de caixas de grades em madeira, onde as raízes podem crescer livres e respirar adequadamente.

Como se compreende, a maior parte das fotografias que aqui mostro são de Phalaenopsis pois eram novidade na época. Mais uma vez, é possível observar-se as caixas de ripas e as raízes vigorosas destas plantas. Repare-se também no número de hastes florais e de flores por planta.

Mais um pormenor de uma Phalaenopsis amarela e vermelha. A segunda foto mostra pequenas mudas ou plântulas de Fetos (Samambaias e Asplenium) obtidas por germinação dos esporos nas rochas que serviam de base às prateleiras das orquídeas (reprodução natural) e outros colocados sobre "esponjas" para arranjos de flores.

Alguns aspectos mais gerais da estufa. Os vários géneros e espécies dentro destes proliferavam de forma saudável em condições semelhantes. De forma provisória (que nunca cheguei a corrigir) vários materiais foram usados para criar sombras e luminosidades específicas para cada grupo de plantas: telhas em lousalite, restos de estores e tapetes velhos foram de grande utilidade.

Mais duas Phalaenopsis, uma plantada num cesto ornamental para vasos (óptimo por ser muito arejado e deboa drenagem - primeira e segunda fotos) e a segunda numa rede de arame em alumínio (que apresenta as mesmas características - terceira foto). Repare-se no sistema de rega que consiste num tubo ao qual apliquei vários nebulizadores (um deles indicado pela seta amarela). Todo o sistema é baratíssimo se não precisarmos de usar um temporizador e as respectivas electroválvulas - basta abrir a torneira. Chamo também a atenção para o esferovite que forra todo o tecto, de forma a diminuir as amplitudes térmicas sentidas no interior da estrutura.
Como seleccionar as suas plantas...

A futura localização...

Antes de se disponibilizar a comprar uma planta qualquer deve ter em consideração uma série de factores. O primeiro, e quanto a mim o mais importante, é saber se dispõe das condições ideais para manter e ver desenvolver o seu novo inquilino. Relembro mais uma vez que uma planta não é um mero objecto decorativo mas sim um ser vivo e que, muito embora não possua sentimentos nem tão pouco um sistema nervoso, deve ser respeitada e cuidada com o maior carinho e dedicação possíveis. Deve então pensar-se se se possui o local ideal para colocar a plantinha. Não é prioritário, quanto a mim, se a orquídea ficará num local que dê nas vistas e que permita a exultação e admiração das visitas, se se encontra num local muito frequentado para que os vizinhos e outras pessoas que passam as possam cobiçar mas sim, e fundamentalmente, se dispõe de uma base sólida e estável e de condições razoáveis (condições óptimas são sempre um pouco difíceis de conseguir) de temperatura, de humidade, de ventilação e de luminosidade.

As plantas requerem uma grande atenção da nossa parte...

Outra situação que se deve ter em consideração é a nossa disponibilidade. Não deveremos investir em plantas (ou qualquer outro ser vivo - por exemplo, animais de estimação) se não dispusermos de tempo para lhes dedicar ou se passarmos muito tempo fora de casa, em viagens, de férias ou em casa de familiares ou amigos. Poderíamos improvisar sistemas para manter as plantas com água mas o mais provável seria termos alguns valentes dissabores.

A aquisição...

Depois de cogitarmos bem sobre estes assuntos, e já na florista ou no viveiro, deveremos então ter alguns outros cuidados na aquisição das plantas. Assim, deveremos "estudar" bem a situação dos exemplares disponíveis antes de os adquirirmos. Quais os aspectos a ter em conta? Vários. Primeiro, e se soubermos alguma coisa sobre o assunto (se não, podemos sempre perguntar mas com alguma reserva quanto à veracidade das explicações fornecidas pelos supostos entendidos no assunto), devemos procurar saber a suposta origem da planta em questão. De que país é originária, quais as condições em que normalmente se desenvolve, se necessita de muita ou pouca água, de sol ou de sombra, etc. Isto para não comprarmos uma planta que, devido à especificidade do seu ambiente, sobreviva apenas alguns dias ou semanas em nossa casa. Depois de equacionados os factores a favor ou contra a aquisição, e decidida a compra, devemos avaliar o estado dos espécimens disponíveis. Se apresentam um aspecto viçoso ou já amarelado e enrugado, se se encontram há muito tempo na loja ou chegaram recentemente, se as raízes estão vivas e funcionais ou por outro lado secas ou apodrecidas, se as folhas têm bom aspecto (folhas amareladas, queimadas, com necroses ou zonas apodrecidas são maus sintomas), se apresentam parasitas (alguns como as cochonilhas castanhas são de difícil detecção), entre outros aspectos.

O transporte...

Escolhida e paga a planta (ou plantas), deveremos depois acautelar o seu transporte, de modo a que este seja o mais seguro possível. Não devemos ter qualquer problema em corrigir o vendedor se este as quiser colocar em sacos de plástico, a monte, ou dobrando e partindo as folhas e as hastes florais. Podemos (e temos a obrigação de...) pedir uma caixa ou mais de papelão e acondicionar o melhor possível as plantinhas no seu interior.

Durante o transporte, devemos verificar se os caixotes não correm o risco de tombar e, tal como já referi anteriormente e que serve para todos os seres vivos que adquirirmos, não devemos descuidar-nos, parar no caminho para beber um café e deixar os pobres vegetais literalmente a "cozer" no carro ao sol.
A introdução no novo ambiente...

Ao chegar a casa, as plantas deverão ser desencaixotadas, reexaminadas para verificar se não ocorreram acidentes durante o transporte, algumas terão que ser reenvasadas (se as suas condições assim o determinarem, como falaremos mais adiante), eventualmente - e se se verificar ser necessário - regar, colocar estacas ou tutores para amparar a planta ou as hastes florais e, finalmente, colocá-las no sítio definitivo. Esta designação - definitivo - é muito subjectiva. Isto porque iremos colocar cada planta num determinado local mas deveremos mantê-la sob observação pois o local que pensámos ser o ideal poderá não o ser na realidade. E mais, um local fantástico para uma planta numa determinada estação do ano não o será noutra. Assim, teremos que manter uma vigilância apertada sobre a planta ao longo de todo o ano e, se necessário, mudá-la para uma nova localização se começarmos a verificar que o aspecto da mesma se altera para pior. Aspectos como o amarelecimento ou a necrose das folhas, o rápido emurchimento das flores, o apodrecimento das raízes, etc., serão indicadores de que algo se passa e, normalmente, isto estará associado à ausência das condições essenciais a um bom desenvolvimento. Os causadores poderão ser factores como a falta ou excesso de nutrientes/adubação, a pouca ventilação, rega deficiente ou excessiva e por aí adiante, mas também se poderá dever ao excesso ou falta de luz, às variações extremas de temperatura, entre outras. O que se deverá fazer, sem perda de tempo nem protelamentos, é testar cada um destes factores e, se nenhuma das alterações se mostrar eficaz, mudar a planta de sítio.

Cuidados a ter com as plantas

Embora os vendedores e todos os responsáveis pela produção, distribuição e venda de orquídeas afirmem categoricamente que estas plantas são de muito fácil manutenção e que é até possível reproduzi-las em pouco tempo, isto não é exactamente assim. Também os sites feitos em países tropicais ou sub-tropicais mostram grandes plantas em pleno desenvolvimento e com grandes ramos de flores, levando-nos a pensar que poderemos realizar feitos idênticos. Isto só será possível se acomodarmos as orquídeas de forma a contemplar a maioria (se não todos) os factores de que o seu crescimento depende.

Como já aqui referi (e repito para que não se esqueçam), os principais factores de que depende a evolução das nossas plantas são a Temperatura, a Humidade e a Luz. É da conjugação perfeita destes que resultarão os resultados por nós pretendidos. E não bastará dar à planta apenas um ou dois deles para que a coisa funcione. Por exemplo, poderemos facultar a uma planta a temperatura e a humidade perfeitas para a espécie em questão, mas se a mantivermos quase às escuras ou sujeita à maior intensidade do sol de uma tarde soalheira de Verão ela rapidamente sofrerá as consequências, que serão, sem dúvida, nefastas.

E se não pudermos assegurar às plantas as condições mínimas necessárias? O meu conselho será: NÃO AS COMPREM! Podemos fazer as coisas de uma outra forma: em casa, antes de iniciarmos nos viveiros ou lojas a nossa caçada à orquídea perfeita, paremos um pouco e analisemos as condições de que dispomos. Por exemplo, uma casa com pouca luz (e não estou a falar, obviamente, de uma sala que passa 24 horas às escuras devido a termos que fechar os estores por alguma razão), com uma temperatura não muito elevada (digamos entre os 10 e os 22 ou 23 graus) e em que as condições de humidade não possam ser muito elevadas (há que acautelar os móveis, os livros das estantes, etc.) não permitirá a manutenção de um tipo qualquer de planta. Assim, deveremos optar, caso insistamos em comprar uma orquídea, por uma Ludisia discolor, por exemplo. Trata-se de uma planta que vive em locais sombrios, sob a copa das árvores e que não é muito exigente quanto às condições de temperatura e de humidade. Outra situação: uma divisão que tenha bastante luz mas em que não consigamos assegurar uma temperatura amena durante todo o ano. Nessa situação, podemos optar por uma ou outra espécide de Oncidium, que normalmente se desenvolvem bem, desde que não sejam excessivamente regadas nem passem sede. Pode assim dizer-se que, para cada recanto, e portanto para cada microambiente da nossa casa, haverá uma planta que, por ser mais ou menos tolerante, se manterá e desenvolverá de forma razoável ou mesmo boa.
As orquídeas que se podem desenvolver na maioria das casas

Vamos então falar nas espécies que, por serem mais ou menos resistentes e tolerantes, podem ser por nós compradas e criadas sem grande dificuldade. Vamos enumerá-las da mais para a menos resistente.

Género Cymbidium

Este é um género que apresenta grande diversidade, uma vez que é um dos mais criados em cativeiro e portanto mais manipulado. Apresenta cerca de 50 espécies (híbridos incluídos) que provêm de locais desde a Índia até o leste e sudeste asiático, China, Japão, Indonésia e Austrália.

Cuidados gerais

Local - Sendo plantas de zonas relativamente frescas, estas orquídeas poderão (e deverão) ser mantidas no exterior, desde que se evitem os excessos. Assim, serão de evitar locais de muito grande exposição ao sol ou muito sombrios, onde chova muito ou em que o substrato seque demasiado depressa e, fundamentalmente, locais onde ocorram fortes geadas ou mesmo nevões. Se morarmos em locais com estas características extremas, devemos providenciar um espaço interior onde as colocar nos períodos de maior susceptibilidade.
Solo e nutrientes - Os Cymbidium requerem um solo mais ou menos compacto (a maioria são terrestres) que deve ser, no entanto, de fácil drenagem e suficientemente arejado. Normalmente deve utilizar-se solo normal para as restantes plantas mas ao qual se adicionará uma certa quantidade de casca de pinheiro moída ou outro material que facilite o escoamento da água e a circulação de algum ar junto das raízes. Ao substrato não deverá ser adicionado qualquer adubo, natural ou artificial, sob pena de se poderem queimar as raízes jovens ou mesmo as mais antigas. Os nutrientes que elas requerem ser-lhes-ão facultados pelo solo em que se encontram ou por adubação líquida, que deverá ser feita com alguma regularidade na época de crescimento. Devem usar-se adubos específicos para orquídeas ou, em alternativa, outros de uso genérico mas mais diluídos.
Como forma de evitar o apodrecimento das raízes, quer por excesso de água quer por falta de ar, devem usar-se, ao envasar a planta, cacos de tijolo ou pedaços cerâmica (se não houver mais nada, podem ser algumas pedras mais ou menos aplanadas, o que tornará, no entanto, o vaso mais pesado) colocados no fundo do recipiente. Estes não deverão tapar completamente os orifícios e ajudarão também a segurar a terra no interior do vaso. Também deve evitar-se o uso de pratos durante as épocas em que se combinem a chuva e as temperaturas mais baixas ou, caso as plantas se encontrem sob uma estrutura (por exemplo, um telheiro), deve moderar-se a rega. Não há nada pior para estas plantas que um banho de imersão prolongado (prato cheio de água) em dias de baixas temperaturas.

Luz - os Cymbidium, tal como a maioria das restantes plantas de casa, requerem uma grande quantidade de luz mas não toleram excesso da mesma. Devem, portanto, ser colocados em local soalheiro, de forma a que apanhem directamente a luz do sol durante quase todo o dia ao longo do Outono, Inverno e parte da Primavera, mas devem ser reposicionados de forma a evitar a exposição ao sol forte do final de Primavera e do Verão. Isto pode ser feito numa simples varanda ou junto a um muro, em que , durante os períodos de menor intensidade luminosa, puxamos os vasos para locais mais iluminados e, durante os meses de maior intensidade luminosa, deslocamos os vasos para locais em que fiquem à sombra nas horas de maior calor. Folhas esbranquiçadas, que sofram amarelecimento rápido ou com manchas castanhas distribuídas de forma aleatória mostram-nos que algo estará a correr mal.

Temperatura - Estas plantas são originárias de países com características climáticas temperadas a frias, pelo que toleram temperaturas relativamente baixas. Daí que se aconselhe a sua criação no exterior. Não devem, no entanto, ser sujeitas a geadas ou deixadas na rua em locais onde seja frequente nevar. Também não toleram exposição excessiva ao sol nem temperaturas muito elevadas, pelo que não são particularmente apreciadoras de estufas quentes. Certos autores afirmam mesmo que, para uma floração mais intensa, as plantas preferem condições mais frescas.

Rega - Tal como já foi referido, a água, embora seja um bem de enorme importância para a maioria das orquídeas, pode ser também uma fonte de enorme perigosidade. Os Cymbidium requerem ser bem regados durante o Verão e parte da Primavera, mas sempre com o cuidado de verificar se o vaso está mais leve antes de proceder a uma nova rega. Se, vários dias após a última rega e embora o tempo esteja quente e seco, o vaso permanecer pesado e o substrato húmido (mesmo que a camada mais superfícial se apresente seca), isto significa que algo de errado se passa e deveremos desenvasar a planta e substituir o solo com alguma urgência.
A água deve ser pouco dura (pouco rica em calcário) e encontrar-se à temperatura ambiente. A utilização de adubos requer muito cuidado e deve ser feita com produtos específicos (de preferência líquidos) para as plantas em questão. O excesso de nitratos e outros compostos pode danificar, de forma irreversível, as raízes e as próprias folhas da planta. Deve evitar-se também a rega de aspersão quando a planta se encontra florida, uma vez que a água depositada nas irregularidades das pétalas é um meio excelente para o desenvolvimento de fungos e bactérias que danificarão as flores.

Mudança de vaso - O reenvase deve ser feito apenas quando a planta estiver demasiado apertada no recipiente em que se encontra. Há pessoas que só se preocupam com este aspecto quando as raízes começam a despedaçar o vaso com a pressão exercida de dentro para fora. O subtrato deve ser o mais possível idêntico ao anteriormente utilizado, excepto no caso da planta manifestar sintomas de crescimento/desenvolvimento anómalo (bolbos pouco desenvolvidos, raízes pequenas ou queimadas, folhas amarelecidas, manchadas ou definhadas, etc.). Deve ter-se o cuidado de, tal como já mencionado, colocar alguns cacos ou seixos no fundo do vaso e, muito importante, nunca usar um vaso de diâmetro muito superior àquele em que a planta se encontrava. Parece que as raízes destas orquídeas apreciam o contacto e o "aconchego" das paredes dos vasos e, como tal, dar-lhe um recipiente muito largo iria criar uma certa instabilidade em termos do seu desenvolvimento.

Multiplicação da planta - Os Cymbidium, quando bem cuidados, multiplicam o número de pseudo-bolbos (nome dado à parte da folha que se assemelha a uma batata e que vulgarmente de designa por "bolbo") num espaço de tempo relativamente curto. Devemos, enquanto o tamanho o permitir, manter esses "bolbos" juntos numa só planta. Está verificado que uma planta grande e com muito "bolbos" produzirá uma quantidade muito maior de hastes florais e de flores do que o mesmo número de "bolbos" separados em vários vasos. No entanto, quando a planta for demasiado grande (e como tal, demasiado pesada ou dificil de colocar nos vasos tradicionais), pode ser dividida em porções mais pequenas. Há que ter, ainda assim, alguns cuidados. Não se devem separar os "bolbos" em grupos muito pequenos e, fundamentelmente, nunca se devem isolar os mesmos. Um "bolbo" único, colocado num vaso, levará muitos anos (alguns cerca de 7 ou mesmo mais) até formar uma planta que produza flores. Isto porque são os "bolbos" velhos, já sem folhas, que sintetizam as hormonas vegetais que fazem os novos produzir as suas hastes florais. Assim, aconselha-se a que cada planta nova seja formada sempre por cinco ou mais "bolbos" antigos e três ou mais novos, de forma a que mantenha a capacidade de produzir um bom número de hastes florais e, como tal, de proporcionar ao seu proprietário alegrias todos os anos.
Durante a divisão da planta-mãe, devem ser retirados os "bolbos" mortos ou apodrecidos, as folhas secas ou muito estragadas e o excesso de raízes mortas, de forma a que estes materiais não vão decompor-se no novo vaso, prejudicando de alguma forma a restante planta.


Aspecto exterior de casa dos meus pais com parte da sua colecção de Cymbidium e aspecto de uma das plantas, ligeiramente pintalgada pela calda aplicada pelo meu pai às videiras.

Mais alguns exemplares criados pela minha mãe. Como se pode ver, quando elas florescem dá realmente gosto de ver.

Na colecção da minha mãe existe uma grande variedade de cores, formas, tamanhos e disposição das flores. Algumas, como a da direita, apresentam longos cachos de flores em arco e são levemente perfumadas.

Dependendo da luz, as fotografias de algumas destas orquídeas são autênticos postais ilustrados.

Outras, como a da fotografia da esquerda apresentam uma inflorescência que não é das minhas predilectas: as flores estão muito separadas umas das outras e as pétalas são também reduzidas. Prefiro as de flores maiores e mais compactas, mesmo quando já parcialmente afectadas pelo frio (imagem do centro).

Actualmente, existem também orquídeas gigantes, cujas flores e pseudobolbos se notam bem pelas grandes dimensões.

A minha sogra pegou também o "bichinho" da orquidofilia, coleccionando alguns Cymbidium como estes dois belos exemplares das fotos. Repare nos tons fantásticos das flores da imagem da direita.

Não me canso de admirar as cores e as formas perfeitas das flores deste género.

Observem com muita atenção a beleza das flores de alguns exemplares.

E que dizer desta haste floral?

Embora as cores mais vistosas e mais garridas sejam muito atractivas e estimulem os coleccionadores e amadores, eu ainda prefiro as plantas de flores simples e que passam eventualmente despercebidas. É o caso da orqúídea da foto da esquerda e que, apesar de ser das mais comuns e de existir lá em casa há décadas, continua a ser uma das minhas preferidas.

Estas já são flores da minha lavra... ou eram, já que tive de as oferecer aos meus pais porque entretanto mudei de casa.

Variedades de tons muito claros e uniformes são raras, mas valem bem todo o dinheiro que se dá por elas.

Em contraste com os Cymbidium de flores grandes, com pétalas largas e de cores contrastantes...

... temos as que, numa planta de folhas pequenas e muito estreitas, emerge um grupo de flores muito pequenas, delicadas e monocromáticas, quais pequenas jóias artesanais.

Estes Cymbidium requerem mais cuidados na sua manutenção, sendo particularmente sensíveis às baixas temperaturas, à iluminação excessiva, a erros no fornecimento de água e a pragas como a cochonilha, o aranhiço-vermelho e os fungos.

Embora já as tivesse mostrado mais acima, esta orquídea merece bem ser repetida. Este é um exemplar da minha sogra.

Outra das que eu acho maravilhosa, não tanto pela beleza de cada flor individual mas sim pelo aspecto final apresentado pelas várias hastes florais que produzia em simultâneo era esta que habitava, até há pouco tempo, a minha varanda.

Outra ex-habitante da minha varanda era esta linda e vigorosa planta.
Género Oncidium

Este é um gênero de orquídeas largamente distribuídas do México ao sul da América do Sul. Compreende uma grande variedade de espécies, pelo que se pensa que em breve será dividido em géneros diferentes.

Cuidados gerais

Local - Uma vez que apresenta um grande número de espécies e uma distribuição tão alargada, existem neste género plantas com as mais variadas necessidades no que diz respeito ao clima em que se desenvolvem. Assim, teremos orquídeas que garantidamente necessitarão de maiores temperaturas e mais humidade e outras que requerem menores temperaturas e menor teor de humidade. No seu geral, todas serão um pouco mais frágeis do que as do género Cymbidium. Por essa razão, embora já tenha visto plantas destas penduradas em varandas, no exterior, o que é certo é que a sua duração dependerá, nesses casos, do tempo que se faz sentir de ano para ano. E é certo também que nenhuma das que eu vi na rua durou mais do que um ano ou dois. Não quer isto dizer que não se possam deixar, durante os meses mais quentes do ano, as plantas deste género no exterior. Vão é requerer, como é óbvio, uma maior atenção da nossa parte. Necessitarão de sombra parcial e de pulverização muito frequente com água para evitar a desidratação e, eventualmente, a morte. No entanto, para garantir a sua sobrevivência por mais tempo, devemos encontrar nas nossas casas um local bastante iluminado, sem luz directa durante todo o dia e devidamente arejado. Também se deve garantir que a temperatura ambiente nunca seja muito elevada nem muito baixa (o mínimo neste caso será cerca de 10ºC).

Solo e nutrientes - A maioria (se não mesmo a totalidade) destas orquídeas são epífitas (significando isto que vivem alojadas sobre a casca de árvores altas, de forma a garantir uma intensidade luminosa adequada) ou rupículas (o mesmo que litófilas, ou seja, que se desenvolvem sobre rochas). Isto significa que sobrevivem quase sem substrato, alojando-se as raízes nas fendas das cascas das árvores ou nas frestas e fissuras das rochas. Assim sendo, não deveremos, em casa, fazer o que muita gente tem tendência a fazer, ou seja, soterrar por completo as raízes, por comparação com as plantas mais comuns, que são maioritariamente terrestres. Nesta situação, abafadas e constantemente humedecidas, morrerão rapidamente e, com elas, as plantas.
Deve então colocar-se estas plantas num vaso de barro, preferencialmente poroso ou mesmo esburacado (existem no mercado vasos próprios para este tipo de plantas), eventualmente com uma vara ou "tutor" revestido por musgo ou fibras de palmeira (de forma a que a planta seja suportada durante o seu crescimento) e usando como substrato musgo, casca de pinheiro em pedaços relativamente grosseiros ou ainda uma mistura dos dois. Pretende-se assim que as raízes que tenham que ficar enterradas não apodreçam de imediato, dando tempo à planta de criar outras com que se fixem ao referido "tutor". O substrato deverá ser substituído imediatamente se se verificar que apodrece muito rapidamente ou que fica humedecido durante demasiado tempo. Não se deve usar prato neste vaso que deveria ficar, preferencialmente, suspenso.

Luz - Embora não sejam muito exigentes no que diz respeito à intensidade luminosa, há que ter consideração alguns aspectos no que diz respeito à exposição desta planta. Assim, a maioria prefere muita luz mas não tolera sobreexposição à mesma. Deveremos encontrar um local em que, embora a planta fique com o máximo de luz possível, não fique exposta aos raios solares mais intensos das tardes de Verão ou mesmo dos dias de Inverno mais ensolarados. Por outro lado, e embora ela tolere locais com baixa intensidade luminosa, a fraca iluminação leva a que a planta fique mais frágil (embora com folhas mais verdinhas e brilhantes), quebre com mais facilidade, as folhas ficarão finas e mais longas e muito dificilmente produzirá flores.

Temperatura - Estas são plantas muito tolerantes no que respeita à temperatura a que se encontram sujeitas, muito embora não tolerem valores muito baixos nem muito elevados. Digamos que, tal como outras orquídeas, a temperatura deverá estar preferencialmente entre os 10-12ºC e os 30-32ºC, embora suportem (não sem algumas consequências) temperaturas extremas. Mais uma vez, certas combinações de temperatura e de humidade devem ser evitadas. É o caso do frio e de teores de humidade elevados, em que as raízes apodrecerão, ou de temperaturas elevadas e baixos teores de humidade, em que as raízes e os pseudobolbos mirrarão muito rapidamente e, por vezes, de forma irreversível. Durante períodos de maior calor, deve borrifar-se frequentemenente a planta ou manter-se a mesma suspensa sobre um recipiente com água e algumas pedras (estas ajudarão à evaporação da água).

Rega - A rega para esta planta, tal como para todas as outras orquídeas, deve ser uma actividade bem pensada e executada com algum cuidado. Como já dissemos, excesso de água em épocas frias ou falta da mesma em épocas de grande calor será muitíssimo prejudicial à planta. Na maior parte dos casos, o problema será a manutenção das raízes. Uma vez que a absorção de água ocorre fundamentalmente através destas estruturas, a sua perda irá comprometer a sobrevivência da planta. Assim, e uma vez que o substrato deve ser de muito fácil drenagem e bastante ventilado, nos períodos mais quentes a rega pode ser feita por imersão em água durante alguns minutos, seguida do escorrimento do excesso de água. No entanto, se verificarmos que o vaso demora muitos dias a secar, ou mudamos o substrato do mesmo ou passamos a regar usando um regador e pouca água de cada vez. Nos períodos menos secos (ou em zonas de grande humidade ambiente) podemos fazer a rega usando apenas um borrifador, evitando assim a acumulação de grande quantidade de água no substrato. De qualquer das maneiras, deve evitar-se sempre ter a planta muito tempo seca ou muito tempo encharcada.

Mudança de vaso - Os Oncidium são plantas que, uma vez bem tratadas, se desenvolvem bastante, formando grandes volumes de pseudobolbos e folhas munidos de raízes longas e abundantes. Enquanto esse volume não for demasiado grande para o local ode se encontra, deve manter-se a planta indivisa, mudando-se a mesma cada dois a três anos para um novo vaso ou, no caso de possuir uma estufa, para uma caixa de ripas suspensa. Se se verificar que o substrato original está demasiado alterado ou muito infectado com fungos, cheirando mal e desfazendo-se nas mãos, deve mudar-se o mesmo. Se tal não acontecer, pode manter-se (evitando assim estragar as raízes principais), acrescentando-se só o suficiente para encher o novo recipiente. Se a planta tiver crescido na vertical, de forma a que as novas raízes não consigam alcançar o substrato, pode tombar-se ou curvar-se a mesma, colocando-a na horizontal sobre auperfície do novo recipiente. Em algumas situações, que só recomendaria a quem viva em condições de grande calor e humidade ou quem possua uma estufa com essas características, pode propagar-se os Oncidium, fixando-os sobre uma casca de árvore (de preferência resistente à decomposição, como a cortiça) que ficará depois suspensa. Essa fixação deve ser feita com grampos de plástico ou fios do mesmo material. Não devemos esquecer que a utilização de metais oxidáveis pode prejudicar futuramente o desenvolvimento da planta.
Quando a planta começa a apresentar dimensões muito exageradas, podemos então cortá-la em duas ou mais porções, dependo do tamanho entretanto atingido. Mais uma vez, deve evitar-se reduzir o tamanho das referidas porções. É minha opinião que as orquídeas só se dividem quando não há outra alternativa, pelo que separá-las em pedaços demasiado pequenos constituirá um erro. Assim, devemos dividi-las de forma a assegurar que em cada nova planta se encontre um grupo de "bolbos" novos, local onde se verifica o crescimento da planta ou "bolbos" não muito velhos e com "gomos" ou "gemas" de onde se possa originar uma nova rebentação e, assim, uma nova zona de crescimento. Far-se-á o replantio destas novas mudas como já referido anteriormente.

Multiplicação da planta - Este assunto foi já focado no item anterior, pelo que não irei repetir-me em explicações. Relembro apenas que o procedimento de multiplicação deve ser feito só em caso de extrema necessidade e sem se ser demasiado ambicioso. Plantas muito pequenas ficam mais expostas aos factores climáticos ou às consequências dos nossos possíveis erros. Também produzirão menor número de hastes florais e de flores em cada uma delas. É, no entanto, uma excelente altura para fazer experiências. Se tivermos de fazer a divisão de uma grande planta e quisermos experimentar, por exemplo, o seu cultivo num outro local ou fixa numa casca de árvore, situações de que temos dúvidas quanto aos resultados, podemos fazê-lo com uma das novas plantas, assegurando assim a sobrevivência das restantes.

Os Oncidium, para além de bastante resistentes, apresentam plantas de grandes dimensões e com belas flores amarelas bastante numerosas.

Para se manter uma boa planta é necessário um vaso com boa drenagem e um borrifador para se usar com alguma frequência nas épocas mais quentes e secas.

Quanto mais pequenas mais frágeis são estas orquídeas, requerendo maiores e mais constantes cuidados.

Esta espécie não possui pseudobolbos, sendo formada por um rizoma muito fino ao qual se encontram ligadas folhas e raízes de muito pequenas dimensões. Comprei-o aplicado num pedaço de cortiça suportada por uma estrutura em arame que se colocava dentro de um prato de cerâmica. Este deveria estar sempre com água para providenciar a humidade necessária à planta. Como a tinha na estufa, ela já tinha todo o calor e humidade que necessitava.
Género Paphiopedilum

O género Paphiopedilum é um grupo de plantas não muito diversificado mas cujas flores apresentam cores, formas e dimensões bastante curiosas. São originárias das florestas tropicais da América Central e países asiáticos, como por exemplo a China, Tailândia e Indonésia. Ocupam habitats bastante diversificados, podendo encontrar-se inclusivé em altitudes relativamente elevadas e em locais bastante frescos como é o caso de certas zonas do Tibete, nas encostas dos Himalaias.

Cuidados gerais

Local - Estas orquídeas não requerem, normalmente, grandes cuidados de cultivo. No entanto, desaconselham-se vivamente locais demasiadamente húmidos (ou mesmo encharcados), muito secos, frios ou sujeitos a geadas ou excessivamente expostas à luz solar.

Solo e nutrientes - Os Paphiopedilum são terrestres ou semi-terrestres, embora necessitem de um solo arejado e bem drenado. Aconselha-se a utilização de materiais como casca de pinheiro, pequenas pedras ou cacos de tijolo, misturados ou colocados alternadamente no vaso. Poder-se-á adicionar algum substrato normal para plantas ou mesmo alguma turfa, não esquecendo no entanto que estes materiais "abafam" mais as raízes e podem promover a sua precoce decomposição. A adubação, embora necessária, deve ser parcimoniosa.

Luz - Estas plantas vivem normalmente sob a copa de árvores ou na sombra de outras, não tolerando muito bem luz directa ou muito intensa, o que se traduzirá em folhas queimadas ou muito amareladas. Devem portanto ser colocadas em lugares sombreados ou moderadamente iluminados. Pode, eventualmente, colocar-se em zonas mais iluminadas ou mesmo expostas durante o Inverno, de forma a estimular a floração, mas sempre com o cuidado de as retirar em dias mais quentes ou luminosos.

Temperatura - Estas plantas apresentam diferentes necessidades no que diz respeito à temperatura a que devem ser cultivados. Assim, existem algumas espécies que requerem maiores cuidados no que diz respeito à temperatura a que devem ser mantidas e outras que toleram temperaturas bastante mais baixas. No entanto, deveremos ter sempre o cuidado de não deixar a temperatura baixar para valores da ordem dos 8 a 10ºC, sob pena das plantas poderem queimar-se pelo frio ou morrer devido ao apodrecimento das raízes. Também devem ser evitados lugares cuja exposição a fontes de calor determinem temperaturas demasiado elevadas. Valores da ordem dos 30 a 32ºC já podem causar a desidratação e morte das plantas, principalmente se não houver cuidado com a sua rega.

Rega - A rega destas orquídeas não foge à excepção. Deve ser moderada e ter-se o cuidado de não deixar o prato com os restos de água. Embora estas plantas requeiram muita humidade, não toleram excesso de água na base das folhas nem nas raízes, pelo que devem ser plantadas sempre num substrato com muito boa drenagem. Isto é particularmente importante quando a planta se encontra a temperaturas muito baixas ou muito elevadas. Deve regar-se bem a planta durante o Verão mas muito parcimoniosamente no Inverno. A adubação deve também ser feita de forma muito moderada e apenas durante a fase de crescimento. Sempre que se verifique que o substrato permanece muito tempo ensopado, apesar das regas serem muito espaçadas e usando pouca água, deve reenvasar-se a orquídea usando um outro substrato que seque mais rapidamente.

Mudança de vaso - Tal como a maior parte das orquídeas, os Paphiopedilum devem ser mudados apenas quando se notar uma de duas situações: ou a planta já não cabe no vaso ou, por outro lado, o solo apresenta sintomas de decomposição acelerada ou de crescimento excessivo de fungos ou bactérias (apresentará mau aspecto, com crescimento de fungos esbranquiçados ou massas gelatinosas, mau cheiro e notar-se-á uma rápida detioração da planta). Deve usar-se como substrato casca de pinheiro e, eventualmente, pequenas pedras ou cacos de tijolo, misturados ou em camadas, sempre com o cuidado das raízes ficarem em contacto com o material orgânico. Pode ser-lhe adicionada alguma turfa ou terriço para plantas normais, mas corre-se o perigo de "abafar" o sistema radicular. Sendo estas plantas terrestres ou semi-terrestres, as raízes deverão ficar soterradas mas não deve afundar-se as folhas no composto, sob pena de apodrecerem.

Multiplicação da planta - A multiplicação desta planta sódeverá ser feita se as suas dimensões e viçosidade assim o justificarem. Relembro, mais uma vez, que se se dividir uma orquídea, nunca se deverá fazê-lo em partes muito pequenas: quanto mais pequena for a planta maior o risco de morrer e menor a hipótese de florir como nós gostaríamos que o fizesse. Desenvasa-se então o exemplar (isto deve ser feito em cima de uma banca de trabalho ou no chão, usando uma folha de jornal, uma vez que o substrato se irá espalhar), retira-se o solo envelhecido e as raízes podres ou mortas e procede-se então, com muito cuidado e depois de planear bem a tarefa, ao corte da mesma.

Os Paphiopedilum de cor branca e de folha reticulada não são os mais fáceis de cultivar

São, no entanto, uma das mais bonitas espécies deste género.

Os Paphiopedilum de flor grande aparentam ser bastante robustos mas requerem, ainda assim, alguns cuidados.

Em todas estas plantas, as flores surpreendem-nos nos seus pequenos detalhes.

As espécies mais exóticas e invulgares correspondem, normalmente a variedades que necessitam de maior assistência e que nos poderão dar alguns dissabores.
Género Zygopetalum

O género Zygopetalum é um grupo de orquídeas não muito diversificado, fundamentalmente terrestres mas eventualmente epífitas ou rupículas. São originárias de locais que vão desde as regiões baixas até às mais elevadas da América do Sul, encontrando-se em Países como o Peru, a Bolívia até o Paraguai e nordeste da Argentina. O Brasil é o país onde se encontram todas as espécies, sendo por vezes considerado o seu centro de dispersão. Preferem locais com muita humidade, no meio de campos de gramíneas, sobre alguns fetos, em fendas das rochas e eventualmente sobre troncos de árvores, ou seja, qualquer lugar onse se acumulem detritos vegetais.
São plantas relativamente pouco exigentes em termos de condições de cultivo, não tolerando muito bem o excesso de calor e a secura.

Cuidados gerais

Local - Estas plantas não são, como já foi dito, muito difíceis de cultivar requerendo, no entanto, alguns cuidados e um acompanhamento constante. Preferem locais com muita luz, mas não toleram sol directo nem temperaturas muito elevadas. Podem ser colocadas numa marquise, sala ou cozinha, conquanto não fiquem expostas ao sol nem à sombra durante longos períodos de tempo.

Solo e nutrientes - Como acima foi referido, estas orquídeas são normalmente terrestres, preferindo locais abrigados situados por debaixo de vegetação de maior porte. Por esta razão, preferem solos ricos em matéria em decomposição. Deve assim usar-se para o seu envasamento um qualquer composto à base de turfa ou restos vegetais, mas eu aconselho vivamente a incorporação no mesmo de alguma casca de pinheiro de modo a aumentar a drenagem, uma vez que o excesso de humidade (ou de água) facilmente compromete o desenvolvimento das suas raízes. Podem (e devem) ser adubadas mas muito ligeiramente, uma vez que o solo já será rico em nutrientes.

Luz - As plantas deste género vivem, como já mencionado, sob a copa de outras plantas (nomeadamente arbustos ou árvores) de maior porte, pelo que não se desenvolverão de forma saudável em locais com demasiada luz. No entanto, também não se recomendam localizações demasiado sombreadas, sob o risco das plantas não crescerem normalmente ou nunca chegarem a desenvolver flores.

Temperatura - Estas plantas, apesar de serem originárias de países mais ou menos quentes, apresentam uma capacidade de adaptação muito boa a diferentes temperaturas. No entanto, como qualquer outra orquídea tropical ou subtropical, não tolera temperaturas muito elevadas nem muito baixas, devendo ser mantidas normalmente entre os 10ºC e os 18ºC. Quando cultivadas em ambientes mais frescos, deve ter-se o cuidado de não a regar demasiado uma vez que, muito embora apreciem teores de humidade elevados, as suas raízes apodrecem muito rapidamente sob estas condições. Por esta razão, o teor em humidade deve ser substancialmente reduzido durante os meses frios do ano.
A temperatura pode também ser utilizada de forma a estimular a floração. Basta para isso baixar ligeiramente a mesma no início do Outono.

Rega - Este grupo de orquídeas aprecia bastante ambientes húmidos mas, tal como a maioria das plantas desta família, não tolera o excesso de água. Assim, devem ser regadas abundantemente no Verão mas sempre com o cuidado de remover o excesso de água (é lógico que a frequência das regas vai depender também do tipo de substrato utilizado). Nos meses mais frios ou frescos, deve reduzir-se o número de regas e a quantidade de água usada, devendo as mesmas ser feitas apenas quando o substrato apresenta indícios de estar a ficar seco (devendo tomar-se em atenção o facto de que, por vezes, o mesmo se apresenta seco à superfície mas encharcado nas zonas inferiores do vaso, não visíveis a partir do exterior).

Mudança de vaso - A mudança de vaso deve ser feita apenas quando as dimensões da planta sejam de tal forma grandes que se torna difícil o manuseamento do vaso ou pote (por exemplo, quando ele começa a tombar com muita frequência), quando as dimensões da planta superam muito as do contentor ou sempre que se verificar que as condições do substrato não são as melhores. Tal como já aqui foi referido, as raízes desta planta são muito sensíveis e, como tal, devemos verificar periodicamente o estado das mesmas e as condições dos materiais que as rodeiam. Quando o substrato começar a apresentar sinais de excesso constante de água (mesmo quando já não regamos há muito tempo), apodrecimento ou emboloramento, deve então proceder-se à sua substituição. Nesta situação, a planta deve ser reenvasada tal como estava, podendo aproveitar-se apenas para remover raízes ou pseudobolbos mortos ou afectados por pragas.
Quando a planta atinge dimensões consideráveis, devemos então desenvasá-la, separá-la em porções, proceder à limpeza das raízes com muito cuidado e reenvasá-la utilizando substrato novo. Convém assegurar-nos, no entanto, que as porções ou grupos de pseudobolbos formados não são muito pequenos pois, caso contrário, arriscamo-nos a que as novas plantas venham a perecer ou estejam vários anos sem florir.

Multiplicação da planta - A multiplicação desta planta não é fácil e pode levar vários anos. Dependendo do ambiente em que se encontre, o seu crescimento pode ser mais ou menos rápido mas, em geral, observa-se o crescimento de um, dois ou mesmo três pseudobolbos anualmente e, mesmo assim, alguns deles podem levar um certo tempo a desenvolver-se por completo. Por esta razão, aconselho a que a divisão de uma planta em duas ou, no máximo, em três se faça apenas quando as suas dimensões forem realmente muito grandes. Deve tomar-se o cuidado de, em cada novo grupo formado, se manter um grupo generoso de pseudobolbos velhos, pois são estes que asseguram o crescimento e a manutenção dos mais jovens, assim como são eles que promovem a floração.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

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